"A COMPREENSÃO SOCIOLÓGICA DA PÓS-MODERNIDADE"
por Wellington Pereira, professor-doutor da UFPB.
Michel Maffesoli, o sociólogo francês que diz ser o Brasil um Laboratório da Pós-Modernidade vai estar em Caruaru (PE), no dia 4 de novembro, em Recife (PE), na Fundação Joaquim Nabuco, no dia 5 de novembro, e nos dias 6 e 7 de novembro em São Paulo (SP). Por que vê-lo? Porque Maffesoli é um dos principais pensadores contemporâneos da pós-modernidade. A sua obra sociológica tem como base temática o cotidiano e os movimentos e as tribos sociais contemporâneas. Herdeiro de uma tradição filosófica que se estende de Max Weber a Alfred Schutz, Maffesoli tem provocado a ira das tradicionais correntes de pensamento que sustentam a superestrutura através da infraestrutura, como se o mundo fosse compreensível apenas em suas estruturas teórico-metodológicas do materialismo. Aluno de Gilbert Durand, Michel Maffesoli desenvolveu agudez crítica pensando numa sociologia compreensiva - de inspiração estética - o que o aproxima do sociólogo Gilberto Freyre - ou seja, uma "antropossociologia" na qual o exercício dialógico (à la Edgar Morin) une o "trivium” (gramática, lógica e retórica) e "quadrivium"(aritmética, astronomia, música e geometria) do pensamento contemporâneo. Com Maffesoli, nós que fomos seus orientandos, aprendemos a não ideologizar métodos, não restringir os fenômenos sociais au monde-a- portée de main, mas, sobretudo no exercício da escrita, pensar. Pensar e correr riscos. É preciso paciência para compreender a obra de Maffesoli. Primeiro, porque estamos ante um leitor sofisticado da tradição marxista - considerando seus estudos sobre a técnica, evidenciados na filosofia "niilista" de Heidegger. Segundo, por ser um autor que avança em relação à concepção do uno em Parmênides e ao dualismo da superação dialética. Em terceiro lugar, a ideia que se faz premente em suas obras é que a vida cotidiana prescinde de uma "suspensão de juízos" para ser compreendia, o que nos remete a um outro Platão, agora no Timeu, considerando o valor das formas estéticas - sempre mutáveis, e dos valores dos conflitos (Georg Simmel) e do significado subjetivo das ações sociais (Max Weber) na leitura do mundo da vida e suas províncias de significados (Husserl e Alfred Schutz). Um pensador de ideias radicais sem radicalismos!